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Avaliação dos Níveis de corte, composição específica e regeneração do Mangal no Sul de Moçambique


Resumo

O presente estudo faz uma abordagem preliminar dos níveis de corte de espécies vegetais lenhosas ocorridos no mangal no Sul de Moçambique, focaliza também aspectos de ecologia nomeadamente a composição específica e regeneração natural. 12 locais foram visitados (Mambone, Pomene, Morrumbene, Maxixe, Porto de Inhambane, Salela, Zongoene, Estuário do rio Incomati, Reserva de Amputo, Tsolombane, Chibambo e Santa Maria). Roteio intensivo, inquéritos e amostragem nas quadrículas foram os métodos usados. No total foram feitas 110 quadrículas de 10m x 10m, 10 em cada local. Todas as plantas lenhosas dentro das parcelas com diâmetro superior a 5 cm foram identificadas botanicamente. A zona Sul de Moçambique cobre a área costeira compreendida entre o rio Save e Ponta do Ouro cobrindo as províncias de Inhambane, Gaza e Maputo. Sete espécies de mangal ocorrem nesta área, Avicennia marina, Ceriops tagal, Rhizophora mucronata e Bruguiera gymnorrhiza são as mais comuns, Sonneratia alba é frequente na cidade de Inhambane e arredores (Maxixe até Morrumbene). Ocorrem também Lumnitzera racemosa e Xylocarpus granatum. Muitas espécies lenhosas de mangal foram observadas no estuário do rio Incomati (Ilha Xefina Pequena e Muntanhana), mas em termos de províncias, Inhambane apresenta maior número de espécies, com ocorrência de todas as sete espécies lenhosas identificadas na área de estudo. Para medição do nível de corte, seis categorias de mangais foram consideradas: (i) intacto (indivíduos sem cortes), (ii) corte parcial (indivíduos com corte parcial, 75% de ramos não cortados e tronco principal intacto), (iii) corte profundo (75% de ramos cortados, incluindo o tronco principal e apenas com poucas folhas no tronco principal), (iv) cepo (indivíduos cujo o tronco foi completamente cortado) e (v) morto por causas naturais. Quantitativamente, para toda área de estudo, o mangal intacto correspondeu a 43.2%, cepo 31.9%, morto por causas naturais 9.6%, corte profundo 8.3% e com corte parcial 7%. Em Tsolombane e no Noroeste da Baía de Maputo (na foz do rio Incomati), (áreas localizadas nas cercanias da cidade de Maputo), o mangal é degradado, 53.7% e 51.8% de indivíduos respectivamente foram cortados completamente (reduzidos a cepo). Em Mambone, Reserva de Maputo e Zonguene o mangal morre devido à factores naturais. Em Chibambo, Santa Maria, Morrumbene, Reserva de Maputo e Pomene o mangal é saudável (82.2%, 80.5%, 75.5%, 68.9% e 59.8% de mangal intacto). As mudas (plantas pequenas com diâmetro inferior a 5 cm) da Avicennia marina (40.9% de ocorrência) são mais frequentes em toda área de estudo, comparativamente as outras espécies. Esta espécie, apresenta maior adaptabilidade de regeneração natural. As outras espécies comuns são Ceriops tagal (23.5%), Rhizophora mucronata (20.0%) e Bruguiera gymnorrhiza (14.8%). Factores antropogénicos (colheita de lenha, fabrico de carvão, recolha de material de construção, redução dos caudais dos rios devido à retenção das águas nas barragens) e naturais (ciclones, inundações e outros) concorrem para a degradação do mangal.
Palavras chaves: Mangal, espécies de mangal, degradação, regeneração natural, níveis de corte.